eu queria mais cor.
e queria um soneto.
eu nem sei mais o que queria.
eu queria mais cor.
e queria um soneto.
eu nem sei mais o que queria.
A frieza da rua me mostrou uma sombra
Ainda uma sobra de vida
O dia me forçou a sair naquela tarde
Insuportavelmente tarde
E inabalavelmente pálida
O corpo cansado sumiu na fumaça
A pupila impotente se resguardou
E calou
Do corpo na cama fria
Se fez acender na ardência do chão
De natureza
Se desfaz em suor
A fala salgada
Da incoerência
Sangue inoperante
E respiração inconstante
Fatos, porém fábulas
Um corpo inexistente
Uma sobra, uma sombra
do branco que amanheceu o dia
na vista o embaço ardil fez-se pranto
ao nuance do tom se igualou a cortina
nas matizes de neve desfazia o encanto
e eu nem imagino – o que sei – se eu não ligo
não conheço outro passo, outro mal
tal os olhos refletindo vossa falsa moral
que no quarto, as cortinas, já deram abrigo
não há cura restante à leviandade da sorte
que por tua malícia – ou maldade – me nega clemência
enquanto eu sou ilha de veneno cortante
no envelope lacrado o resquício da fala
caiu como chumbo do céu, a eloquência
da fuga perfeita no dia da caça